Páginas

Ajude a manter esse blog

domingo, fevereiro 25, 2024

domingo, fevereiro 11, 2024

sábado, fevereiro 03, 2024

domingo, janeiro 28, 2024

quarta-feira, janeiro 24, 2024

quinta-feira, janeiro 04, 2024

GGN - EM DIREÇÃO À CAMINHADA DO SILÊNCIO: NORDESTE

O Movimento Vozes do Silêncio, representado pelo Núcleo de Preservação da Memória Política (NM) e pelo Instituto Vladimir Herzog (IVH), com o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil Secção São Paulo (OAB/SP), da Secretaria de Direitos Humanos do Município de São Paulo, e do Jornal GGN, informa que a IV Caminhada do Silêncio está sendo planejada para se realizar no dia 31 de março de 2024, um domingo, a partir das 15 horas.

A mediação fica a cargo do projeto artístico-político Nunca Mais, surgido em torno do média-metragem sobre Zuleika Angel de mesmo nome (@nuncamais.ofilme). 



EM DIREÇÃO À CAMINHADA DO SILÊNCIO: NORDESTE - 04/01/24


sábado, dezembro 30, 2023

quinta-feira, dezembro 21, 2023

Anuvianos

 Quando os anuvianos chegaram, o presidente da raça branca foi falar com eles com solenidade:

- Temos raças inferiores para alimentar vocês, se for necessário. 

Mas, como seu alimento era proteína, tinham uma espécie de culto às espécies que tinham muita proteína, e a pele mais escura era respeitada.

A teia foi colocada sobre os bairros mais nobres e seus moradores consumidos sem trégua.

Toda uma educação da superioridade proteica foi desenvolvida e, em duas gerações, as raças não-brancas tinham por natural que os bairros-refeição nunca poderiam acabar. 

Menos para Luna. Ela dizia na escola que não se podia comer gente como se fossem vacas. 

Nos seus pesadelos havia uma porta por onde ela passava, mas nunca conseguia ver exatamente para onde. 

Afonso Jr 

terça-feira, dezembro 19, 2023

Anuvians

 When the Anuvians arrived, the president of the white race went to speak to them solemnly:

- We have inferior races to feed you, if necessary.

But, as their food was protein, they had a kind of cult for species that had a lot of protein, and darker skin was respected.

The web was placed over the most upscale neighborhoods and their residents were consumed without respite.

An entire education of protein superiority was developed, and within two generations the non-white races took it for granted that the dining-quarters could never end.

Except for Luna. She said at school that you couldn't eat people like they were cows.

In her nightmares there was a door she walked through, but she could never see exactly where.

Afonso Jr

sexta-feira, dezembro 01, 2023

terça-feira, novembro 21, 2023

segunda-feira, novembro 20, 2023

En Tlön (ESP)

Los caminos se bifurcan

Cuando en Tlön

Esperanza produjo 

un objeto extraño

duplicando el cambio 

en suicidio - vio

el forastero de su 

propio país

ruinas circulares 

y templos quemados

El giro de las estrellas 

es inevitable.

Más de un dios-rey 

duerme en el desierto

las horas enseñan

El mundo es infinito.
AJR

Em Tlön

Os caminhos se bifurcam

Quando em Tlön

A esperança produziu

um objeto bizarro

duplicando a mudança

em suicídio - viu

o forasteiro de seu

próprio país

ruínas circulares

e templos incendiados

O giro das estrelas

é inevitável

Mais de um rei-deus

dorme no deserto

As horas ensinam

O mundo é infinito.

AJR

sexta-feira, outubro 27, 2023

Largo viaje de un día hacia la noche, de Eugene O’Neill (ESP)

Largo viaje de un día hacia la noche, de Eugene O’Neill, se encuentra en el Teatro San Martín con la dirección de Luciano Suardi.

La escenografía de Rosana Rodríguez y Juan Cruz Muños López es lo primero que deslumbra. Se adapta muy bien a estos seres, aunque tememos que los actores se caigan por las largas escaleras.

El impacto de la obra es inmenso, los actores, empezando por Arturo Puig (78 años), desbordan carisma y sutileza. Puig logra momentos de emoción muy convincentes, en una obra que, por tratar situaciones extremas, siempre puede caer en lo artificial.

La elección de este montaje es mostrar a la familia bajo la luz del amor. Podría ser melodramático, pero no. La versión cinematográfica de 1962 está mucho más llena de veneno y ambigüedad. Aquí esto se debe a Selva Alemán (79 años), quien logra mostrar un rostro romántico y sufriente del personaje Mary Tyrone.

Lautaro Delgado Tymruk es un apasionante alter ego de Eugene O'Neill, porque la tragédia de O’Neill es saturación y no desenlace. Su conmovedora actuación permite al público identificarse con ese ser humano más normal, que será testigo entre tantos titanes.

En toda la obra, la única escena que nos molesta es precisamente la de Diego Gentile, un actor brillante, pero que al final aparece como un borracho de dibujos animados, con explosiones previsibles y un vestuario muy correcto. Julia Gárriz interpreta sin exagerar a una criada divertida e inteligente.

Si la tragedia griega es el colapso del destino, el sufrimiento en la tragedia estadounidense moderna es el infierno de las pasiones.

En O’Neill chocan la aceleración de la tragedia y el hundimiento de la poética propia de tiempos fracturados.

Es teatro épico -novelístico- en el que se expresan ideologías -mundos internos-, un poco como en “Los demonios” de Dostoievski, con la diferencia de que la familia es el mundo.

El dramaturgo es Edmund, y en esta familia patriarcal de artistas el centro también ha perdido el autocontrol. 

Si Estragon y Vladimir fueron servidores antes de la Revolución Francesa, aquí están aquellos "fuera de lugar" (E.Said) - o "fuera de tiempo" - como artistas, que crean el tiempo de la palabra. El capitalismo convirtió a este padre en un vendedor de arte, como resultado perdió un hijo, su esposa no pudo soportar la pérdida.

La caída del padre es el mundo de la destrucción de las jerarquías. Es un universo melancólico, lleno de frustraciones, que expone la pesadilla del sueño americano. Mary sería una mujer dominante hoy, pero nació demasiado pronto. Mikhail Bulgakov era adicto a la morfina, como la protagonista, y también menciona la morbosa soledad a la que la droga lleva a la matriarca.

Pero, para generar la aceleración de la tragedia, muchas cosas quedan fuera, por ejemplo, el mundo e sus rupturas. Hubo que editar muchas cosas para que la noche encajara con ese día. Sin embargo, el microscopio de las pasiones de esta familia magnifica la realidad. Y el realismo se desmantela cuando la dependencia crea un mundo de ensueño. Lo que hace grande a este texto es la conciencia novelesca de los personajes -dicen que son "de la materia de los sueños"-, su constante inestabilidad, su incapacidad para observar a los demás fuera de sí mismos. A veces hablan de forma metateatral.

Era otra época, en la que la familia era tortura y consuelo. La verdad, aquí es un arma de destrucción; pero algo flota por encima de la venganza, y la poesía parece redimensionar todo el rencor.

Alfonso Jr. Lima

dramaturgo y filósofo

Largo viaje de un día hacia la noche, de Eugene O’Neill.

Largo viaje de un día hacia la noche, de Eugene O’Neill, está no Teatro San Martín com direção de Luciano Suardi.
A cenografia de Rosana Rodríguez e Juan Cruz Muños López é o primeiro que deslumbra. Acomoda muito bem esses seres, mesmo que temamos que os atores vão cair da longa escada. 

O impacto da obra é imenso, os atores, a começar por Arturo Puig (78 anos), transbordam carisma e sutileza. Puig consegue momentos de emoção muito convincentes, numa peça que, por tratar de situações limite, pode sempre cair no artificial. 

A escolha dessa montagem é mostrar a família sob a ótima do amor. Poderia ser melodramático, mas não. A versão cinematográfica de 1962 é muito mais cheia de veneno e ambiguidade. Aqui, isso se deve a Selva Alemán (79 anos), que consegue mostrar uma face romântica e sofrida da personagem Mary Tyrone. 

Lautaro Delgado Tymruk é um alter ego de Eugene O’Neill emocionante, porque a tragédia de O'Neill é saturação e não resultado. Sua performance comovente permite a identificação do público com aquele ser humano mais normal, que ficará como testemunha entre tantos titãs. 

Em toda peça, a única cena que incomoda é justamente com Diego Gentile, um ator genial, mas que aparece como um bêbado de desenho animado no final, com explosões previsíveis e com figurino corretíssimo. Julia Gárriz faz uma empregada engraçada e inteligente sem exageros.

Se a tragédia grega é o desabar do destino, o sofrimento na tragédia americana moderna é o inferno das paixões. 

Em O’Neill brigam a aceleração da tragédia e o mergulho do poético típico de tempos fraturados. 

É teatro épico - novelesco - em que as ideologias - os mundos internos - se expressam, um pouco como em "Os Demônios" de Dostoiévski, com a diferença de que a família é o mundo. 

O dramaturgo é Edmund, e, nessa família patriarcal de artistas, o centro também perdeu seu auto-controle.  

Se Estragon e Vladimir seriam servos antes da Revolução Francesa, aqui são aqueles "out of place" (E.Said) - ou "out of time" - como os artistas, que criam o tempo da palavra. O capitalismo fez esse pai um vendedor de arte, com isso perdeu um filho, a esposa não suportou a perda. 

A queda do pai é o mundo da destruição das hierarquias. É um universo melancólico, de frustrações, que expõe o pesadelo do sonho americano. Mary seria uma mulher dominante hoje, mas nasceu cedo demais. Mikhail Bulgákov foi viciado em morfina, como a protagonista, e também cita a solidão mórbida a que a droga leva a matriarca.

Mas, para gerar a aceleração da tragédia, fica de fora muita coisa, por exemplo, o mundo e suas rupturas. Muito teve de ser editado para que a noite coubesse nesse dia. Porém, o microscópio sobre as paixões dessa família amplia o real. E o realismo se desmonta quando a dependência cria um mundo de sonho. O que faz grande esse texto é a consciência romanesca dos personagens - dizem que são da "matéria dos sonhos" - sua instabilidade constante, sua incapacidade de observar os outros lá fora do eu. Em alguns momentos, falam de forma meta-teatral. 

Era outra época, na qual a família era tortura e conforto. A verdade, aqui é um arma de destruição; mas algo paira acima da vingança, e a poesia parece redimensionar todo o rancor. 

Afonso Jr. 



The touch

   world 

there is a word 

world word

   world of word 

word is a world 

world I touch with word 

AJR

terça-feira, outubro 24, 2023

sábado, outubro 21, 2023

Animais humanos

Caçados como animais
Anjos dentro da terra
Animais humanos
Eles nos chamam

Caminham sobre as pedras
Buscam água
Arrastam seus ossos
Desistem da vida

Animais humanos
Em pedaços no caminho
Fogo do inferno
Não pertencem a nenhum lugar

Minhas asas invisíveis
Sobre os que choram
Sobre os exilados
Nosso silêncio de lágrimas

Afonso Lima

sexta-feira, outubro 06, 2023

domingo, setembro 24, 2023

O silêncio e o labirinto

O juiz mandou fechar A Liga. 6 mil documentos com provas de horrores foram perdidos.

Elas buscavam juntar os dados para a Comissão que chegaria ao país. 

A Junta buscava o silêncio. 

Formulários, testemunhos, assinaturas. 

- Mas onde vamos guardar isso? Não podemos pisar na praça.

Uma delas teve uma ideia. Bateram na porta de Jorge Luis. 

Durante anos, havia feito humor.

Ao atravessar uma rua, a pessoa que o guiava perguntou se não temia ser guiado por um peronista.

- Eu também sou cego, respondeu. 

Senhoras contaram seu medo na sala. Torcidas de futebol as haviam ameaçado. 

Ninguém assumia nada. 

Uma companheira que levava informações ao exterior, Adriana, havia desaparecido. 

- Não foram julgados, não estão em prisões?

- Isso é o que queremos saber. 

Ele abriu uma porta na biblioteca.

Quantos andares tinha aquilo?

Assim trabalharam no infinito de histórias.

Cento e cinquenta recebidas pelos estrangeiros. 

- Forças do Exército, da polícia. O silêncio total. 

Um mês depois, trouxeram flores.

O homem cego as cheirou. Ligou para Adolfo, confabularam.

Os jornais do mundo todo estamparam:

"JLB e os maiores escritores da Argentina exigem lista de desaparecidos". 

Afonso Lima 

quinta-feira, setembro 21, 2023

El funeral del poeta

En el funeral del poeta

Caminaron en silencio

La ciudad vacía


Llora el presente

En el funeral del poeta

Alguien cantó una canción

Las raíces todavía crecieron

Noche estrellada

AJr

quinta-feira, agosto 10, 2023

Harmonia

eu não criei a terra

o eu bem pouco aqui 

você não criou raiz

tempo existia já bem antes 

mãe antiga do sol

sacerdotisa 


bem antes eles arrancaram

as primeiras raízes

um parque era o nome

ainda o parque não dava lucro

eu era menino nesse verde 


esses dias eles arrancaram

mais raízes, agora, lodo

o tempo tem dono 

a terra viverá 


Afonso Lima 

sábado, agosto 05, 2023

PROJETO 2023 – XXIII PEREGRINAÇÃO TUPINAMBÁ DE OLIVENÇA EM MEMÓRIA DOS MÁRTIRES

Fazendo memória dos 523 anos de existência e resistência da nação originária Tupinambá de Olivença

– Bahia

DIA: 23/24 de setembro de 2023 

LOCAL DA SAÍDA: PRAÇA DE OLIVENÇA 

ÀS 8h30min 

CHEGADA: RIO KURURUPE 

Este ano pretendemos ter 4.500 indígenas neste grande ritual,

que tem a extensão de 7 km!

Animados e alimentados pelo exemplo de nossos antepassados na luta pela garantia de nosso território ancestral, nós povo Tupinambá de Olivença realizaremos pelo 23ª ano consecutivo a Peregrinação/ritualizada  em  Memória  dos  nossos  Mártires  que  morreram  no  massacre  do  Rio Cururupe (em 1559). 
Visando combater o que chamamos de “massacre dos dias atuais”, que se caracteriza principalmente pela negação do  Governo Federal  em regularizar nossos territórios sagrados  e,  na  falta  de  acesso  as  políticas  públicas  que  terminam  fomentando  a  violência  e  o preconceito  contra  nós  Tupinambá.  

Há  um  intenso  processo  de  criminalização  das  lutas  e  até mesmo  assassinatos  constantes  contra  nosso  povo.  Afirmamos  que  a  aprovação  de  Marco Temporal, PL 490/2903e a não assinatura da Portaria Declaratória pelo atual Ministro da Justiça que está 13 anos protelando devido as investidas acima citadas, que ultrapassa o prazo legal que é  de  30  dias,  impasse  que  está  criando  um  clima  desfavorável  contra  nós.  

Nossa  Perigrinação Tupinambá de Olivença em Memória dos nossos Mártires que foram assassinados no massacre do  Rio  Kururupe,  é  uma  celebração  de  resistência,  é  momento  de  relembrar  a  caminhada histórica quando fomos perseguidos e massacrados: quando o ataque do Governador Geral Men de Sá (1559), deixou 09 quilômetros de corpos de nossos antepassados estendidos nas praias do sul  de  Ilhéus.  

Mais  recentemente  as  perseguições,  as  calúnias  e  assassinatos  de  nossas lideranças, como; o Caboclo Marcelino Tupinambá, que ousou lutar em defesa dos direitos da nossa  nação  e  foi  torturado,  nos  anos  de  1926  a  1932  ano de  sua  prisão  de  forma  injusta. 

Afirmamos  que  nos  dias  de  hoje  não  tem  sido  diferente,  nós  lideranças  sofremos  prisões arbitrárias,  comunidades  são  agredidas,  e,  sobretudo  nossos  direitos  constitucionais  são violados. Reafirmamos que mesmo diante de todas as perseguições, respeitando a luta de nossos antepassados,  gritamos  alto  para  que  todos  ouçam:  ESTAMOS  AQUI  HÁ  MILHARES  DE  ANOS, ESTE TERRITÓRIO TRADICIONAL É TUPINAMBÁ.  

Neste sentido viemos convida-las (os) para participar desta importante peregrinaçãoem defesa da vida. Desde já contamos com a vossa presença, será de grande importância para o nosso povo Tupinambá.  Atenciosamente,  Aldeia Tukum T.I. Tupinambá de Olivença  

CONVITE 
https://drive.google.com/file/d/1o5Kbnw6N_ELVBy4eErYCNo86J8MRZEeD/view?usp=sharing

Orçamento 
https://drive.google.com/file/d/10hO49NiNez-BHdV_iMl6Yg8YzeS0B8-w/view?usp=sharing

Precisamos alcançar R$ 30.669,20 deixo aqui número de Pix e contas para apoio:
PIX CPF 01348585579 RAMON SOUZA SANTOS 

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL 
AGÊNCIA 0069
CONTA CORRENTE 33875-8 
RAMON SOUZA SANTOS 
CPF 013485855-79

BANCO DO BRASIL 
AGÊNCIA 0019 1
CONTA CORRENTE 38990 0
NADIA BATISTA DA SILVA 
CPF 27758052568

E-mails: ramontukum@gmail.com/ nadiakauatupinamba@gmail.com

Cronograma:
A Caminhada será de 07 quilômetros, Olivença X Kururupe.
Dia 23 de setembro de 2023.
Praça de Olivença 17:00h: Amostra das memórias das Peregrinações anteriores, Ritual Sagrado Porãnsym e Feira coletiva dos produtos produzidos no nosso Território.
Dia 24 de setembro de 2023.
07:00h – concentração na praça de Olivença
08:30h – ritual
09:00h – saída em direção ao Kururupe

*

Os Tupinambá de Olivença vivem na região de Mata Atlântica, no sul da Bahia. Sua área situa-se a 10 quilômetros ao norte da cidade de Ilhéus e se estende da costa marítima da vila de Olivença até a Serra das Trempes e a Serra do Padeiro.

A vila hoje conhecida como Olivença é o local onde, em 1680, foi fundado por missionários jesuítas um aldeamento indígena. Desde então, os Tupinambá residem no território que circunda a vila, nas proximidades do curso de vários rios, entre os quais se destacam os rios Acuípe, Pixixica, Santaninha e Una.



https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Tupinamb%C3%A1_de_Oliven%C3%A7a

(foto: Tiago Brugnara)

Live - Reprise - Proust e o Brasil


 

segunda-feira, julho 24, 2023

Haiti is here: military land management and democracy

The man Bolsonaro had chosen as vice president, General Walter Braga Netto, is not only known for having received R$926,000 in salaries in two months of 2020, when the maximum a government official could receive would be R$39.2 thousand.

He is also known for requesting exemption from bidding (the formal process by which the government makes purchases) before the responsible court (Tribunal de Contas da União), in May 2018, for purchases of the American company CTU Security made by the Intervention Cabinet in Rio de Janeiro, under the post-coup parliamentary government of Michel Temer.

In 2018, in his first press conference, General Walter Braga Netto said: "Rio de Janeiro is now a laboratory for Brazil. If it will expand to the rest of the country, which we will do here, it is not for me to answer." (Diário de Notícias, 27 Fevereiro 2018)

For this intervention, eleven private security and technology companies from Brazil and abroad would have negotiated, in contracts without bidding, around R$ 140 million with the Brazilian government. Says the newspaper Brasil de Fato:

“According to reports from Florida authorities, in an interview with the Politico website, the owner of CTU Security, Antony Intriago, hired more than 20 former soldiers from Colombia to carry out the death of Haitian President Jovenel Moïse. The Haitian National Police accused the businessman of being one of the members of a conspiracy to kill the head of state. (Paulo Motoryn, Brazil de Fato -July 22, 2021).

In 2021, while Minister of Defense, Braga Netto sent a message to the president of the Chamber of Deputies, Arthur Lira (PP-AL), warning that if "there will be no printed and auditable vote, there will be no election in 2022." (idem). The general and the three commanders of Bolsonaro's Armed Forces had also threatened the president of the Parliamentary Commission of Inquiry on Covid, Senator Omar Aziz (PSD-AM), when he spoke of irregularities "on the rotten side of the Armed Forces" within the government.

Several Brazilian soldiers from the UN Stabilization Mission in Haiti ( MINUSTAH ) were in the Bolsonaro government, including Augusto Heleno, Fernando Azevedo e Silva, Tarcísio de Freitas and Carlos Alberto dos Santos Cruz.

For historian Marco Morel, what we had in Haiti was a kind of "poverty management policy through militarization." (Unisinos Humanitas Institute – IHU, February 20, 2018)

“We see that the military presence in Haiti has served as a kind of laboratory for the genocidal policy of the Bolsonaro government, in particular the federal intervention in Rio de Janeiro in 2018, commanded by General Braga Netto, current Minister of Defense. (Marco Morel, Haiti Liberté, August 18, 2021).

As reported in The Nation, the February 2004 coup in Haiti, "fomented by right-wing paramilitary forces and the Haitian elite," resulted in the deaths of 3,000 and the arrest of thousands of supporters and members of President-elect Jean-Bertrand Aristide's Fanmi Lavalas party. MINUSTAH was established two months later, a force of 9,000. (Kim Ives and Ansel Herzt, The Nation, August 5, 2011).

According to a Democracy Now! report: "The WikiLeaks cables reveal just how closely Washington and the U.N. oversaw the formation of Haiti’s new police force and signed off on the integration of paramilitaries who had previously targeted Haiti’s working classes and democratically elected governments."

(Democracy Now!, August 11, 2011).

After the end of military governments in Latin America, in the 1980s and 1990s, according to a report by the Center for Legal and Social Studies (CELS) of Argentina:

“…some US government agencies –among them the Southern Command of the Armed Forces- and lobbyists for the Armed Forces in the region developed and disseminated the 'new threats' doctrine. This doctrine maintains that, in the absence of armed conflicts in the region, the main threats to the stability of States now come from transnational organized crime, particularly from activities linked to drug trafficking and phenomena such as 'poverty', 'migrations', 'populism'".

(The impact of "new threats" on security policies. CELS, 2018).

This idea leads to the militarization of internal security, and virtually the return of a militarized government. The governor of São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (who took office in 2023), was head of the technical section of the Brazilian Engineering Company of the Peace Force in Haiti between 2005 and 2006 and Minister of Infrastructure under Bolsonaro.

The militarization of the government can favor the private appropriation of public services and territories, the government working only for the aristocracy.

Regarding the military regime from 1964 to 1985, researcher Pedro Campos, from the Federal Rural University of Rio de Janeiro (UFRRJ) states:

"If we broaden the concept of corruption and think that it is the action of the State in favor of private interests, especially for business purposes, we have in that period a mostly corrupt State, which acted in favor of companies and private profit." (Ana Helena Rodrigues, Vladimir Herzog Institute, June 14, 2018)

The dictatorship, for example, expelled the Tupiniquim, Guarani and Quilombolas from their lands in Espírito Santo to create the Aracruz company in 1967, causing the disappearance of more than 30 indigenous villages. (Marcelo Oliveira. Public Agency, July 5, 2023).

General Heleno, commander of the troops in Haiti and first minister of the Institutional Security Cabinet (GSI) in the Bolsonaro administration, was the military commander of the Amazon in 2007, when he spoke out against the Lula government for the expulsion of the non-indigenous occupants of the Raposa Serra do Sol lands and land demarcations .

General Braga Netto intends to run for mayor of Rio de Janeiro, for Bolsonaro's party, the PL. In the 2022 elections, more than 1,500 candidates linked to the Armed Forces (FA), military police (PM) and firefighters ran for public office.

(Bruno Fonseca, Bianca Muniz, Public Agency, August 16, 2022).

It would be good to look at Haiti, where discontent reigns after the participation of more than 13,000 Brazilian soldiers, a billion reais spent by the government.

“The truth is that, in general, MINUSTAH is seen as an occupying force,” says Michèle Montas, a Haitian journalist who was a spokeswoman for UN Secretary General Ban Ki-Moon. (Marina Amaral, Natalia Viana. Public Agency, September 27, 2011)

Can we observe the management of an internal Occupation Force, an internal colonization? We can ask ourselves what value popular demands will have in a military-business agreement.

Afonso Lima
*
30/07/2023 * Guarujá (São Paulo) — After the murder of military police officer Patrick Bastos Reis, 30 years old, a Rota soldier (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, special force of the São Paulo Military Police), which took place last Thursday (27/7), in Guarujá (SP), PMs from different battalions would be spreading terror in the slums of the coastal city by executing residents, according to witnesses. 

The secretariat did not comment on the publications of police officers on social networks and on the number of victims that the Military Police themselves share on the networks.
https://ponte.org/pm-espalha-mortes-no-guaruja-sp-e-tropa-celebra-contagem-de-corpos-hoje-pessoas-vao-morrer/

https://www.brasildefato.com.br/2021/07/07/crise-no-haiti-tem-digital-de-generais-bolsonaristas-saiba-quais-ministores-atuaram-no-pais

https://www.brasildefato.com.br/2023/01/22/qual-o-papel-das-forcas-armadas-na-america-latina-e-no-caribe

https://vladimirherzog.org/na-dictatorship-havia-ainda-mais-corrupcao-no-brasil-do-que-nos-dias-atuais-afirma-historiador/

https://www.thenation.com/article/archive/wikileaks-haiti-aristide-files/

https://haitiliberte.com/haiti-a-toujours-ete-le-theatre-de-violents-conflits-entre-les-puissances-entretien-avec-marco-morel/

https://apublica.org/2011/09/haiti-aba-minustah/

https://www.ihu.unisinos.br/categorias/188-noticias-2018/576204-brasil-e-haiti-as-licoes-historicas-ea-gestao-militar-da-pobreza#

https://www.cels.org.ar/militarizacion/

https://apublica.org/2022/08/partido-militar-mais-de-15-mil-candidatos-militares-concorrem-nas-eleicoes-neste-ano/

Haití está aquí: gestión militar de la tierra y democracia

El hombre que Bolsonaro había elegido como vicepresidente, el general Walter Braga Netto, no solo es conocido por haber recibido R$ 926.000 en salarios en dos meses de 2020, cuando lo máximo que podría recibir un funcionario del gobierno sería de R$ 39,2 mil.

También es conocido por solicitar la exención de licitación (el proceso formal por el cual el gobierno realiza compras) ante el tribunal responsable (Tribunal de Contas da União), en mayo de 2018, para compras de la empresa estadounidense CTU Security realizadas por el Gabinete de Intervención en Río de Janeiro, bajo el gobierno post-golpe parlamentario de Michel Temer. 

En 2018, en su primera conferencia de prensa, el general Walter Braga Netto dijo: "Río de Janeiro ahora es un laboratorio para Brasil. Si se expandirá para el resto del país, lo que haremos aquí no me corresponde responder". (Diário de Notícias, 27 Fevereiro 2018)

Para esta intervención, once empresas privadas de seguridad y tecnología de Brasil y del exterior habrían negociado, en contratos sin licitación, alrededor de R$ 140 millones con el gobierno brasileño. Dice el diario Brasil de Fato: 

“Según informes de las autoridades de Florida, en una entrevista con el sitio web Politico, el propietario de CTU Security, Antony Intriago, contrató a más de 20 ex soldados de Colombia para llevar a cabo la muerte del presidente haitiano Jovenel Moïse. La Policía Nacional de Haití acusó al empresario de ser uno de los miembros de una conspiración para matar al jefe de Estado”. (Paulo Motoryn, Brasil de Fato -22 de julio de 2021).

En 2021, siendo ministro de Defensa, Braga Netto envió un mensaje al presidente de la Cámara de Diputados, Arthur Lira (PP-AL), advirtiendo que si "no habrá voto impreso y auditable no habrá elección en 2022". (idem). El general y los tres comandantes de las Fuerzas Armadas de Bolsonaro también habían amenazado al presidente de la Comisión Parlamentaria de Investigación sobre el Covid, el senador Omar Aziz (PSD-AM), cuando habló de irregularidades "del lado podrido de las Fuerzas Armadas" dentro del gobierno.

Varios soldados brasileños de la Misión de Estabilización de la ONU en Haití (MINUSTAH) estuvieron en el Gobierno de Bolsonaro, incluidos Augusto Heleno, Fernando Azevedo e Silva, Tarcísio de Freitas y Carlos Alberto dos Santos Cruz.

Para el historiador Marco Morel, lo que teníamos en Haití era una especie de "política de gestión de la pobreza a través de la militarización". (Instituto Humanitas Unisinos – IHU, 20 de febrero de 2018)

“Vemos que la presencia militar en Haití ha servido como una especie de laboratorio para la política genocida del gobierno de Bolsonaro, en particular la intervención federal en Río de Janeiro en 2018, comandada por el general Braga Netto, actual ministro de Defensa. (Marco Morel, Haití Liberté, 18 de agosto de 2021). 

Como se informó en The Nation, el golpe de estado de febrero de 2004 en Haití, "fomentado por las fuerzas paramilitares de derecha y la élite haitiana", resultó en la muerte de 3.000 y el arresto de miles de simpatizantes y miembros del partido Fanmi Lavalas del presidente electo Jean-Bertrand Aristide. MINUSTAH se estableció dos meses después, una fuerza de 9.000 efectivos. (Kim Ives y Ansel Herzt, The Nation, 5 de agosto de 2011). 

Según un informe de Democracy Now!: 

"Las filtraciones de WikiLeaks revelan cuán de cerca Washington y las Naciones Unidas supervisaron la formación de la nueva fuerza policial de Haití y aprobaron la integración de los paramilitares que anteriormente tenían como objetivo a la mayoría pobre de Haití y los gobiernos elegidos democráticamente". 

(Democracy Now!, 11 de agosto de 2011).

Tras el fin de los gobiernos militares en  América Latina, en las décadas de 1980 y 1990, según un informe del Centro de Estudios Jurídicos y Sociales (CELS) de Argentina:

“…algunos organismos del gobierno estadounidense –entre ellos el Comando Sur de las Fuerzas Armadas- y cabilderos de las Fuerzas Armadas en la región elaboraron y difundieron la doctrina de las 'nuevas amenazas'. Esta doctrina sostiene que, en ausencia de conflictos armados en la región, las principales amenazas a la estabilidad de los Estados provienen ahora del crimen organizado transnacional, particularmente de las actividades vinculadas al narcotráfico y fenómenos como la 'pobreza', las 'migraciones', el 'populismo'". 

(El impacto de las “nuevas amenazas” en las políticas de seguridad. CELS, 2018).

Esta idea lleva a la militarización de la seguridad interna, y virtualmente al retorno de un gobierno militarizado. El gobernador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (quien asumió en 2023), fue jefe de la sección técnica de la Compañía Brasileña de Ingeniería de la Fuerza de Paz en Haití entre 2005 y 2006 y ministro de Infraestructura de Bolsonaro. 

La militarización del gobierno puede favorecer la apropiación privada de servicios públicos y territorios, trabajando el gobierno sólo para la aristocracia. 

Sobre el régimen militar de 1964 a 1985, el investigador Pedro Campos, de la Universidad Federal Rural de Río de Janeiro (UFRRJ) afirma:

“Si ampliamos el concepto de corrupción y pensamos que se trata de la acción del Estado a favor de intereses privados, especialmente con fines empresariales, tenemos en ese período un Estado mayoritariamente corrupto, que actuó a favor de las empresas y el lucro privado”. (Ana Helena Rodrigues, Instituto Vladimir Herzog, 14 de junio de 2018)

La dictadura, por ejemplo, expulsó a los tupiniquim, guaraní y quilombolas de sus tierras en Espírito Santo para la creación de la empresa Aracruz en 1967, lo que provocó la desaparición de más de 30 pueblos. (Marcelo Oliveira. Agência Pública, 5 de julio de 2023). 

El general Heleno, comandante de las tropas en Haití y primer ministro del Gabinete de Seguridad Institucional (GSI) en la administración de Bolsonaro, fue el comandante militar de la Amazonía en 2007, cuando se pronunció en contra del gobierno de Lula por la expulsión de los ocupantes no indígenas de las tierras de Raposa Serra do Sol y demarcaciones. 

El general Braga Netto pretende postularse para alcalde de Río de Janeiro, por el partido de Bolsonaro, el PL. En las elecciones de 2022, más de 1.500 candidatos vinculados a las Fuerzas Armadas (FA), policías militares (PM) y bomberos se postularon para cargos públicos.

(Bruno Fonseca, Bianca Muniz, Agência Pública, 16 de agosto de 2022).

Sería bueno mirar a Haití, donde reina el descontento tras la participación de más de 13 mil soldados brasileños, mil millones de reales gastados por el gobierno.

“La verdad es que, en general, la MINUSTAH es vista como una fuerza de ocupación”, dice Michèle Montas, una periodista haitiana que fue vocera del secretario general de la ONU, Ban Ki-Moon. (Marina Amaral, Natalia Viana. Agência Pública, 27 de septiembre de 2011)

¿Podemos observar la gestión de una Fuerza de Ocupación interna, una colonización interna? Podemos preguntarnos qué valor tendrán las demandas populares en un acuerdo militar-empresarial. 

Afonso Lima

https://www.brasildefato.com.br/2021/07/07/crise-no-haiti-tem-digital-de-generais-bolsonaristas-saiba-quais-ministores-atuaram-no-pais

https://www.dn.pt/mundo/intervencao-militar-no-rio-de-janeiro-sera-laboratorio-para-o-brasil---general-9148698.html

https://www.brasildefato.com.br/2023/01/22/qual-o-papel-das-forcas-armadas-na-america-latina-e-no-caribe

https://vladimirherzog.org/na-dictatorship-havia-ainda-mais-corrupcao-no-brasil-do-que-nos-dias-atuais-afirma-historiador/

https://www.thenation.com/article/archive/wikileaks-haiti-aristide-files/ 

https://haitiliberte.com/haiti-a-toujours-ete-le-theatre-de-violents-conflits-entre-les-puissances-entretien-avec-marco-morel/ 

https://apublica.org/2011/09/haiti-aba-minustah/

https://www.ihu.unisinos.br/categorias/188-noticias-2018/576204-brasil-e-haiti-as-licoes-historicas-ea-gestao-militar-da-pobreza# 

https://www.cels.org.ar/militarizacion/

https://apublica.org/2022/08/partido-militar-mais-de-15-mil-candidatos-militares-concorrem-nas-eleicoes-neste-ano/

O Haiti é aqui - gestão militar do território e democracia

O homem que Bolsonaro havia escolhido como vice-presidente, general Walter Braga Netto, não é apenas conhecido por ter recebido R$ 926 mil de salários em dois meses de 2020, quando o máximo que poderia receber um funcionário governamental seria R$ 39,2 mil.

Ele também é conhecido por solicitar dispensa de licitação (o processo formal pelo qual o governo realiza compras) ao tribunal responsável (Tribunal de Contas da União), em maio de 2018, para compras da empresa estadunidense CTU Security pelo Gabinete de Intervenção no Rio de Janeiro, sob o governo pós-golpe parlamentar de Michel Temer. 

Para essa intervenção, onze empresas privadas de segurança e tecnologia do Brasil e exterior teriam negociado, em contratos sem licitação, cerca de R$ 140 milhões com o governo brasileiro. Afirma o jornal Brasil de Fato: 

"Segundo relatos de autoridades da Flórida, em entrevista ao site Politico, o dono da CTU Security, Antony Intriago, contratou mais de 20 ex-soldados da Colômbia para executar a morte do presidente haitiano Jovenel Moïse. A Polícia Nacional do Haiti acusou o empresário de ser um dos integrantes de uma conspiração para matar o chefe de Estado". (Paulo Motoryn, Brasil de Fato -22 de Julho de 2021).

Em 2021, enquanto ministro da Defesa, Braga Netto enviou mensagem ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), avisando de que !houver voto impresso e auditável não haverá eleição em 2022". (idem). O general e os três comandantes das Forças Armadas de Bolsonaro também haviam ameaçado o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), quando este se pronunciou sobre irregularidades "do lado podre das Forças Armadas" dentro do governo. 

Vários militares brasileiros da Missão de Estabilização da ONU no Haiti (MINUSTAH) estiveram no Governo Bolsonaro, entre eles Augusto Heleno, Fernando Azevedo e Silva, Tarcísio de Freitas e Carlos Alberto dos Santos Cruz.

Para o o historiador Marco Morel, o que tivemos no Haiti foi uma espécie de "política de gestão da pobreza por meio da militarização". (Instituto Humanitas Unisinos – IHU , 20 Fevereiro 2018)

"Vemos que a presença militar no Haiti tem servido como uma espécie de laboratório para a política genocida do governo Bolsonaro, em especial a intervenção federal no Rio de Janeiro em 2018, comandada pelo general Braga Netto, atual ministro da Defesa. Este último não estava no Haiti, mas foi direto para o quartel-general da operação, servindo como adido militar nos Estados Unidos em 2013-14." (Marco Morel, Haïti Liberté, 18 agosto 2021). 

Conforme reportagem no The Nation, o golpe de estado no Haiti de fevereiro de 2004, "fomentado por forças paramilitares de direita e pela elite haitiana", resultou na morte de 3.000 e prisão de milhares de apoiadores e membros do partido Fanmi Lavalas do presidente eleito Jean-Bertrand Aristide. A MINUSTAH foi estabelecida dois meses depois, uma força de 9.000 homens da ONU. (Kim Ives e Ansel Herzt, The Nation, 5 de agosto de 2011). 

Segundo reportagem do Democracy Now!: 

"Os telegramas do WikiLeaks revelam quão de perto Washington e as Nações Unidas supervisionaram a formação da nova força policial do Haiti e aprovaram a integração de paramilitares que anteriormente tinham como alvo a maioria pobre do Haiti e os governos eleitos democraticamente". 

(Democracy Now!,  11 agosto 2011).

Após o fim dos governos militares na América Latina, nas décadas de 1980 e 1990, conforme relatório do Centro de Estudos Jurídicos e Sociais (CELS) da Argentina:

"...alguns órgãos do governo dos Estados Unidos –entre eles o Comando Sul das Forças Armadas- e lobistas das Forças Armadas da região elaboraram e divulgaram a doutrina das 'novas ameaças'. Esta doutrina sustenta que, na ausência de conflitos armados na região, as principais ameaças à estabilidade dos Estados vêm agora do crime organizado transnacional, particularmente de atividades ligadas ao narcotráfico e fenômenos como 'pobreza', 'migrações', 'populismo". 

(O impacto das “novas ameaças” nas políticas de segurança. CELS, 2018).

Essa ideia leva à militarização da segurança interna, e, virtualmente, ao retorno do governo de face militar. O  Governador de São Paulo Tarcísio Gomes de Freitas (que assumiu em 2023) foi chefe da seção técnica da Companhia Brasileira de Engenharia da Força de Paz no Haiti entre 2005 a 2006 e ministro da Infraestrutura de Bolsonaro. 

A militarização do governo pode favorecer a apropriação privada dos serviços públicos e territórios, o governo trabalhando apenas para a aristocracia. 

Sobre o regime militar de 1964 a 1985, afirma o investigador Pedro Campos, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ):

"Se ampliarmos o conceito de corrupção e pensarmos que esta diz respeito à atuação estatal em favor dos interesses privados, em especial dos propósitos empresariais, temos naquele período um Estado amplamente corrupto, que agia em favor das empresas e do lucro privado."  (Ana Helena Rodrigues, Instituto Vladimir Herzog, 14 de junho 2018)

A ditadura, por exemplo, expulsou indígenas Tupiniquim, Guarani e quilombolas de suas terras no Espírito Santo para a criação da empresa Aracruz em 1967, resultando no desaparecimento de mais de 30 aldeias. (Marcelo Oliveira. Agência Pública, 5 de julho de 2023). 

O general Heleno, o comandante das tropas no Haiti e ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo Bolsonaro, era  comandante militar da Amazônia em 2007, quando falou contra o governo Lula pela retirada dos ocupantes não indígenas da terra Raposa Serra do Sol e demarcações.

O general Braga Netto pretende candidatar-se à prefeitura do Rio de Janeiro, pelo  partido de Bolsonaro, o PL. Na eleição de 2022, mais de 1,5 mil candidatos ligados às Forças Armadas (FAs), polícias militares (PMs) e bombeiros se candidataram a cargos público.

(Bruno Fonseca, Bianca Muniz, Agência Pública, 16 de agosto de 2022).

Seria bom olhar para o Haiti, onde reina insatisfação após participação de mais de 13 mil soldados brasileiros, 1 bilhão de reais gastos pelo governo.

"A verdade é que, em geral, a Minustah é vista como uma força de ocupação”, diz Michèle Montas, jornalista haitiana que foi porta-voz do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon". (Marina Amaral, Natalia Viana. Agência Pública, 27 de setembro de 2011)

Podemos assistir a gestão de uma Força de Ocupação interna, uma colonização interna? Podemos nos perguntar que valor terão as demandas populares num acordo militar-empresarial. 

Afonso Lima

https://www.brasildefato.com.br/2021/07/07/crise-no-haiti-tem-digital-de-generais-bolsonaristas-saiba-quais-ministros-atuaram-no-pais

https://www.brasildefato.com.br/2023/01/22/qual-o-papel-das-forcas-armadas-na-america-latina-e-no-caribe

https://vladimirherzog.org/na-ditadura-havia-ainda-mais-corrupcao-no-brasil-do-que-nos-dias-atuais-afirma-historiador/

https://www.thenation.com/article/archive/wikileaks-haiti-aristide-files/ 

https://haitiliberte.com/haiti-a-toujours-ete-le-theatre-de-violents-conflits-entre-les-puissances-entretien-avec-marco-morel/ 

https://apublica.org/2011/09/haiti-aba-minustah/

https://www.ihu.unisinos.br/categorias/188-noticias-2018/576204-brasil-e-haiti-as-licoes-historicas-e-a-gestao-militar-da-pobreza# 

https://www.cels.org.ar/militarizacion/

https://apublica.org/2022/08/partido-militar-mais-de-15-mil-candidatos-militares-concorrem-nas-eleicoes-neste-ano/

sábado, julho 15, 2023

quarta-feira, maio 31, 2023

quinta-feira, maio 25, 2023

Democracy returns to Brazil, and colonial Brazil threatens

It was six years in post-democratic limbo. In limbo where the will of the population does not count, and even among the elites, there are coups and betrayal (see the case of ex-president Michel Traitor Temer in the hands of the military).

Cultural conservatism knew how to prepare millions of people to live in an unreal world, for automatic reactions of racial fear, to defend themselves against "communism", "cultural Marxism", to save the family or avoid the "ceiling of expenses".

The coup was different: rupture without tanks in the street, by an elite (ruralists, financiers, owners of arms companies, even religious fundamentalists) who do not want democratic debate.

Electoral fraud with political prison - with support from Justice - lasted 4 years, that's why Brazilians cried.

Those years of government were of police working for a faction, democratic institutions paralyzed. Attacking public servants, scrapping the state. Nothing so new, but much faster and without disguise.

The National Institute of Colonization and Agrarian Reform (Incra) became an instrument for leasing and selling land due to lack of structure:

"Before (Temer), the law provided that definitive titles could only be delivered by Incra after the government guaranteed development policies that gave that territory productive autonomy: infrastructure, schools, sanitation, access to credit, technical assistance, among others. "

https://www.brasildefato.com.br/2022/10/26/entenda-porque-a-propaganda-de-distribuicao-de-titulos-de-terra-de-bolsonaro-e-fake

We even had a demographic census - with insufficient resources - with a reduced questionnaire.

The end of national conferences where structural issues were debated clearly demonstrates this government without participation - a model of a hierarchical and authoritarian society.

It is as if the whole country functioned to nourish a family and its court, not to mention the permanence of all types of historical violence and excesses of the aristocracies, naturalized and allowed.

I would like to tell you about a particular case, but one that well illustrates the feeling of superiority offended by social mobility that made the middle class support a clear authoritarian power. (Shareholders supported the privatization agenda and international oil prices).

We were in a line, five middle-aged Brazilians, two girls from other countries, then some Brazilians and me. The company employee asked that, from a certain point, everyone stay out of the store, that is, from the air conditioning, for health reasons. The girls and I left, and the Brazilians stayed, uniting the two groups.

With that, they clearly got ahead of the girls, who were left in the sweltering heat outside.

The feeling was that the rules are not the same for everyone. I said to one of them: Ask the employee for you to come in, there are now many in front of you.

So she did, but two Brazilian madams, indignant, said:

- All right, but I'm not going out, and neither is he going in! - looking at me.

The employee referred me to another store, much faster.

A caste tradition that dates back to slavery. Certain people found it natural that they had different treatment, the racial-class hierarchy is the central idea that structures the country.

I find it more and more interesting to look at the dynamics of Brazil as being in tune with the Nazi point of view, that only the white heterosexual men would have rights, the others would be exploitable or eliminable.

The worst was the creation of "a chosen group", the "liberal conservative", "good citizen", with the consequent marginalization and criminalization of part of the society typical of fascism - whether Jews, blacks, the poor or indigenous people, guilty of all the ills of the country.

This "chosen elite" has the right to unlimited appropriation and is trained to hate - a militancy against progressivism was created.

Now, the money that financed deputies - mayors who dominate votes in cities with less than 100,000 people - tries to paralyze the government and elected representatives create a bloody negotiation in Parliament, in addition to positions in exchange for support (the form of government since the 1988 Constitution, which gave enormous power to the legislature), amendments (proposals for the federal government budget). 

Thus, deputies define what would be the responsibility of the Executive. Leadership of the farmer Arthur Lira, president of the Chamber, who created, in the last government, a secret room to distribute confidential funds to parliamentarians.

Let’s look at Deputy Marcos do Val, recently involved in controversy, being, for example, subpoenaed by the Minister of the Supreme Court Alexandre de Moraes in the inquiry that investigates the acts of invasion of January 8:

“He doesn't differ so much from the other senators and deputies from the so-called bullet bench. All of them come from police careers or were financed by companies like Taurus. Committees on Security in the House and Senate became police committees.”

https://www.brasildefato.com.br/2019/04/03/relator-do-pacote-anticrime-de-moro-ja-fez-parceria-com-a-taurus

Recently, economist Marcio Pochmann spoke of the "ruin of industrial society imposed by the resumption of the primary-export economic model". (@MarcioPochmann - May 20) It is as if we were seeing the return of colonial society. We are witnessing the rise of export-based forces - and the violence that reflects our history of repression in the countryside.

A symptom of this was how the Faculty of Law of São Paulo manifested itself in defense of democracy when suspicions of fraud and violations hovered in the October 2022 elections. It was this faculty that started the process by which the city ceased to be a colonial village and became a great capitalist metropolis.

We were recently bombarded by a series of revelations about the Bolsonarist court - the president entered the United States with a false vaccination card, there was a plan to arrest Lula again in case of Bolsonaro's victory, effective ways to avoid the election were discussed, etc. Very committed military and the whole corporation with its image very damaged. 

According to journalist Tereza Cruvinel:

"(Congress) approved the urgency of voting on the infamous time frame for indigenous lands and even trampled the Senate, restoring articles that loosen the Atlantic Forest Law, the Brazilian biome with the most threatened diversity. Points for agribusiness". (Brazil 247 - May 25, 2023)

The Superior Court of the South (TRF 4), which covered up the crimes of Judge Sérgio Moro by arresting Lula, replaced the judge responsible for the Lava-Jato cases with a clone of Moro. Thus, they hide their own conduct, since new evidence even generates evidence of blackmail on the accused. Conflicts have worsened since 2016.

For the world, there are dangers such as the acceleration of ecological devastation, as was demonstrated yesterday by the intervention in Lula's ministries.

Afonso Lima

terça-feira, maio 23, 2023

El racismo y el diario de un extranjero en Argentina

Brasil esta semana está conmocionado por el trato de los hinchas del Valencia con el jugador Vinícius de Oliveira Júnior del Real Madrid y que juega en la selección de Brasil. Él respondió: "No era la primera vez, ni la segunda ni la tercera. El racismo es normal en LaLiga". Hoy, el senador Magno Malta, del Partido Liberal de Bolsonaro, pastor evangélico, logró decir sobre el caso: "¿Dónde están los defensores de la causa animal que no defienden al mono?".

Muchos de nosotros tenemos antepasados ​​españoles - bisabuelo era un inmigrante. Creo que para nosotros, los brasileños, pensar en los españoles como uno de los pueblos marcados por el racismo colonialista no es tan común. Está claro que me perdí algunas clases de historia. Empecé a darme cuenta de esto cuando descubrí el "Día de la Raza", viviendo en Uruguay, originalmente una celebración de "sangre pura" me pareció.

Aunque de ninguna manera puedo comparar los dos casos, ya que no vivo la violencia diaria que sufren las personas negras, a pesar de que, sí, he sido discriminado varias veces en mi país, creo que puedo contarles algunas de mis experiencias viviendo en Argentina en el sentido de reflejar cuán arbitrario es que alguna característica tuya o algún fenotipo te exponga a un trato inhumano.

Una amiga maestra dice que una estudiante de séptimo grado dijo que estaba siendo discriminada. Nació en Argentina, de origen boliviano. "Toda mi vida ha sido esto, mi familia se va!”, dijo.

América Latina se basa en el poder de la aristocracia rural estructurada básicamente como amos absolutos capaces de exterminar a otros pueblos o esclavizarlos. Apenas salimos de esto con la creación de algunas universidades y el establecimiento de reglas básicas, como la preservación de la vida, en el caso que nos ocupa, más o menos desde 1985... Esta conciencia despierta ayuda, y tenemos, por ejemplo, 1 millón de personas en la marcha por la Memoria, la Verdad y la Justicia y 20 mil en el último Foro Mundial por los Derechos Humanos.

“Cómo vivir con una moneda que se devalúa todos los días... El odio, el delirio, la confusión, la anarquía son parte de nuestra Argentina contemporánea”, dice Osvaldo Quiroga en Otra Trama.

El mismo sentimiento expresa el canal País de Boludos (15 de mayo), cuando habla de una "inercia demente", en la que la gente vive "durante al menos siete años", en la que "todo se vuelve psicótico".

Evidentemente no estamos hablando de la mayoría de los días y horas que transcurren a la hora de ocuparnos de nuestras tareas profesionales o de la compra, porque, al fin y al cabo, es el capitalismo. Ser extranjero en Argentina se convierte en una lucha cuando hay un episodio de deshumanización.

Y llega de las formas más inesperadas, en la vida cotidiana, en las cosas pequeñas. Como toda gran ciudad, hay multiplicidad de bellezas: en el cine, en su historia de vida rockera, en el excelente teatro y en personajes amables, como en dos panaderías del barrio.

Pero estas situaciones de "odio banal" se acumulan. Soy consciente de que la sociedad brasileña es muy violenta y, por supuesto, es un desafío no ser rico en Brasil, pero la actitud de "señalar el error del cliente" aquí es muy feroz.

Es muy humillante en la compañía telefónica cuando te sientes y empiezas a hablar, y la asistente rubia te interrumpe de mala manera: ¿Qué servicio quieres?

En una frase está todo dicho: eres estúpido, y lo que dices no vale nada.

Otras situaciones pueden no estar relacionadas con la otredad, pero me pregunto si todos los clientes recibirían el mismo trato deshonesto. Esta semana me tocó enviar este mail a una de las librerías más conocidas de la Avenida Corrientes:

Hola, que tal?
Soy su cliente, ya he comprado varios libros.
Hoy sucedió algo muy extraño. Compré dos libros por valor de 1400 y puse 2 mil en el mostrador. Charlando, vi al encargado, señor con barba, como haciendo un movimiento poniendo algo debajo de la caja (o algo así). Luego me dice que faltan 1000. Yo digo que se equivocó, insiste. Doy otros mil. Excepto que estoy seguro de lo que tenía en el bolsillo, así que vuelvo a la tienda y digo - Mira, creo que te equivocaste. Él dice: Sí, se cayó al suelo.

Muy triste, porque dialoga con un lado muy positivo de la ciudad, su curiosidad por la lectura, sus ganas de conocer y descubrir a través de los libros, su consumo masivo de libros. Esto se expresa en círculos de conversación pública sobre libros en la avenida - algo que en Brasil posiblemente terminaría en robo o represión policial.

Otra escena muy llamativa. Ni bien llego, le pregunto a una joven muy bella, rubia, que vende boletos en la cabina del metro, quien sostiene un libro:

- Por favor, Moreno, ¿es dos estaciones por ese lado?

- Moreno y qué, me pregunta con una mirada feroz, como si estuviera preguntando por una calle. - Aquí están las estaciones.

Yo digo:

- Gracias, lo conseguiré.

Sensación de invadir la ciudad pura. Un hombre rubio en el mercado simplemente bajó la cabeza y se fue cuando le pregunté algo. Nunca le preguntes a la gente rubia, me viene a la mente. Pero, ¿cómo hacer esto si el estándar de belleza es el tinte rubio europeo? Como turista, es bastante impactante, piensas que tu dinero valdrá más que tus genes. 

La única explicación que se me ocurre es el colonialismo de Felipe II disciplinando a las razas inferiores. Me quedé imaginando que la ciudad debió ser la vanguardia de la colonización, quedó un núcleo extremista.

Esa hambre de castigo me recuerda a la Inquisición. Por no hablar de la aristocracia genocida.

Un mesero en un café tradicional miraría mis pesos tres veces antes de aceptarlos. Unos billete que me había dado el banco. Es como si un turista fuera un criminal. Es solo que el café me lo presentó un bohemio residente de la ciudad, tal vez yo no sea el público al que estaba destinado.

Una turista brasileña me cuenta que preguntó en el restaurante por una bebida que no conocía (Mirinda). El camarero se encogió de hombros.

En Brasil también vivimos en una sociedad de "¡No se puede!", marcada por el autoritarismo militar. Se habla de racismo velado. El lado positivo de esta agresión abierta es que puedes reaccionar y quejarte. Quizás el colonialismo subliminal de Brasil empeora las cosas porque te toma por sorpresa (ayuda que la mayoría de la población siempre haya sido gente esclavizada).

No puedo dejar de pensar que los años en los que desaparecían personas arrebatadas arbitrariamente por la policía política, el miedo, también tienen su reflejo en la satanización del extraño, incluso en la estabilidad emocional, en la capacidad de vivir sin agresiones.

Como muestra la serie de Netflix "Rompan todo", los creadores de la canción representan bien esta batalla entre la juventud que busca nuevas expresiones y una élite tradicionalista que intenta mantener intacto el pasado. Esto se hace más presente cuando vemos a algunos jóvenes que son mucho más abiertos.

Para un brasileño, sin embargo, esclavo en su propio país, hay pequeños gestos de bondad interesantes. El sistema de salud, por ejemplo, es libre y gratuito, muy republicano. En la academia, mucha gente investiga sobre feminismo, decolonialismo y ser latinoamericano. Algo que nunca sucede en Brasil es común, un auto se detiene para que pases.

Ninguna ciudad contemporánea se puede resumir en un solo rasgo, obviamente. Simplemente no puedo evitar sentir que el componente racial juega un papel en la agresión del quiosco. Quizá no sea casualidad la figura a la que llamo "fascista del mercado chico", siempre dispuesta a hablar mal de la izquierda (y viendo la televisión).

Afortunadamente, mi generación superó un viejo prejuicio contra los hermanos en Brasil. Grandes artistas son nuestras referencias. Creo que la creatividad es lo opuesto al fascismo. Creo que Argentina todavía tiene mucha creatividad, y creo en su gente que, como cualquier otra, puede luchar por la libertad de todos. 

Algunos falsos defensores de la libertad absoluta ahora intentan engañar a los pobres revitalizando viejos demonios como la guerra racial, utilizando a los marginados para llegar al poder y destruir a todos los que no son la aristocracia blanca. Nos ayuda el pensamiento de Foucault: el racismo debe ser la mejor forma de control social, porque no se lucha contra los explotadores, sino contra los explotados.

El odio a lo diferente es quizás una característica del siglo XXI, donde todos están más o menos amenazados: el fascismo vende superioridad relativa, la compensación de al menos ser mejor que otro. Pero es fundamental que reconozcamos y reflexionemos sobre nuestra mentalidad heredada, para que la riqueza que circula por el mundo dé sus frutos y que la paz sea nuestra seguridad.

Afonso Jr. Lima


segunda-feira, maio 15, 2023

Bill 79 - y la prisión de la forma (ESP)

Mariano Galperín escribió y dirigió Bill 79 (Argentina, 2023), protagonizada por Diego Gentile (Relatos salvajes).

El gran pianista de jazz Bill Evans viaja a la pequeña ciudad de San Nicolás en 1979. La situación en sí es muy interesante, el reto sería llenar 78 minutos de incidentes y descubrimientos. El vestuario es el primer atractivo, uno de los puntos fuertes de la película, como toda direccion de arte, promete una ambientación nostálgica de los años 70. Creo que podemos usar la obra como punto de apoyo para iniciar una conversación sobre la forma en la dramaturgia argentina.

Si el tono fuera de un cine de autor europeo, con un director alemán, posiblemente los colores serían más oscuros y los silencios dirían lo que no necesitamos escuchar. Este no es el caso, nunca vemos un traje oscuro como en las grabaciones de Evans. Para eso habría que adentrarse en el alma rota de un creador, pero esto no sucede. Tenemos escenas donde delira, o recuerda, pero todo muy bien explicado. Otra opción sería sumergirse en la comedia, como la excelente El Método Tangalanga (2022).

En mi opinión, el texto dramático -el que se basa en diálogos, personajes, situaciones claras y desarrollo- requiere mucha síntesis e intensidad. Es decir, el drama solo sale mal cuando no hay sorpresa. En el cine, más aún, ya que una pequeña escena puede dar aún más información. Tanto es así que las piezas adaptadas al cine tienden a volverse aburridas, porque en presencia de la performance, ese “plus” lo llena la vida inestable en el ahora.

Por ejemplo, una escena en la que tres personajes muy diferentes comen empanadas mientras ven la televisión lo diría todo en 30 segundos - sin nadie hablar. Pero 10 minutos de película con esta relación -un antes y un después, con el humor y el whisky como protagonistas- es diluir el tema. Otro ejemplo: el músico maquillando a una "miss" en el camerino es una escena brillante en sí misma, pero rodeada de diálogos y primeros planos, se vuelve demasiado larga para muy poca historia (una oración narrada podría resolver). No se le puede dar demasiada importancia a cada discurso, escena, porque todo se absorbe muy rápido, hay que seguir.

Hay muchas preguntas que serían excelentes maneras de llenar este tiempo. Para ello, o bien el diálogo incorpora rápidamente estos matices, o bien sería mejor un discurso de un experto o testigos en modo documental. Queremos saber quién era Evans (lo he oído, pero ahora sería el momento de saber más), quién era ese productor, como era esa ciudad en ese momento... Se ve la sombra de una intensa escena musical, capaz de convocar a grandes intérpretes, pero no se la explora. Una escena inicial en un teatro de Buenos Aires, por ejemplo, reposicionaría toda la narrativa. Incluso el encuentro central con lo fanático supone una buena charla de jazz, lo cual no es así.

En estos cortes y mezclas tendríamos muchos temas que encajarían con las escenas dramáticas. Lo mismo ocurre con algunas piezas, por ejemplo, "Los años", de Mariano Pensatti, que nos da la impresión de estar muy bien portada para el tema que expone (pese a algunas bazas épicas como hablar al público). El tráiler se vuelve muy interesante precisamente por esta síntesis.

Toda la película se filmó en tres semanas y, según tengo entendido por el discurso del director, se escribió de tal manera que se pudiera filmar, es decir, con costos e incidentes reducidos.

Siento que el deseo de un guión clásico entorpece algunas obras. La película es divertida y tiene todos los elementos de actuación (Marina Bellati se ve excelente, el único momento siniestro en la película), cinematografía y vestuario para ser, como mínimo, estimulante. Diego Gentile está muy bien como el protagonista confundido, eso es lo que hace que la película sea interesante, pero su confusión es tan racional que nos afasta. Sólo tendría que ser más desordenado.

Afonso Jr. Lima


Bill 79 - e a prisão da forma

Mariano Galperín escreveu e dirigiu Bill 79 (Argentina, 2023), protagonizado por Diego Gentile (Relatos Selvagens). 

O grande pianista de jazz Bill Evans vai até a pequena cidade de San Nicolás em 1979. A situação em si é muito interessante, o desafio seria preencher 78 minutos com incidentes e descobertas. O figurino é o primeiro atrativo, um dos pontos altos do filme, promete uma ambientação nostálgica dos anos 1970. Acho que podemos usar a obra como ponto de apoio para iniciar uma conversa sobre a forma na dramaturgia argentina.

Se o tom fosse de um cinema europeu de autor, com um diretor alemão, possivelmente as cores seriam mais escuras e os silêncios diriam o que não precisamos ouvir. Não é o caso, nunca vemos um terno escuro como das gravações de Evans. Para isso, seria preciso mergulhar na alma rompida de um criador, mas isso não ocorre. Temos cenas em que ele delira, ou lembra, mas muito bem explicadas. Outra opção seria um mergulho na comédia, como o excelente El método Tangalanga (2022).

Na minha opinião, o texto dramático  - aquele baseado em diálogos, personagens, situações claras e desenvolvimento - exige muita síntese e intensidade. Ou seja, o drama só dá errado quando não há surpresa. No cinema, mais ainda, pois uma cena curta pode dar ainda mais informação. Tanto que peças adaptadas ao cinema tendem a ficar enfadonhas, pois na presença da performance esse "à mais" é preenchido pela vida instável no agora.

Por exemplo, uma cena na qual três personagens tão diferentes comem empanadas assistindo televisão diria tudo em 30 segundos sem falas. Mas 10 minutos de filme com essa relação  - antes e depois, com humor e uísque de protagonista - é diluir o tema. Outro exemplo: o músico maquiando uma miss no camarim é em si uma cena genial, mas cercada de diálogos e closes se torna tempo demais para pouca história (uma frase narrada podia resolver). Não se pode dar muita importância a cada fala, cena, porque tudo é absorvido muito rápido, é preciso seguir. 

Ficam muitas perguntas que seriam ótimas formas de preencher esse tempo. Para isso, ou o diálogo incorpora de forma rápida esses nuances, ou seria melhor uma fala de um especialista ou testemunha no modo documental. Queremos saber quem foi Evans (já ouvi, mas agora seria o momento de saber mais), quem foi esse produtor, que era essa cidade nesse momento... Fica a sombra de uma cena musical intensa, capaz de convocar grandes intérpretes, que não é explorada. Uma cena inicial num teatro de Buenos Aires, por exemplo, reposicionaria toda a narrativa. Mesmo o encontro central com o fã daria uma boa conversa sobre jazz, o que não ocorre. 

Nesses cortes e misturas teríamos muito assunto para combinar com as cenas dramáticas. O mesmo ocorre com algumas peças, por exemplo, "Los años", Mariano Pensotti, que nos passa a impressão de ser muito bem comportada para o tema que expõe (apesar de alguns truques épicos como falar com o público). O trailler se torna muito interessante justamente por essa síntese. 

O filme todo foi filmado em três semanas, e, pelo que se depreende da fala do diretor, escrito de forma a que se pudesse filmar - ou seja, com redução de custos e peripécias. 

Sinto que o desejo de um roteiro clássico atrapalaha algumas obras. O filme é divertido e conta com todos os elementos de atuação (Marina Bellati também excelente), fotografia e figurino para ser, no mínimo, instigante. Diego Gentile está muito bem como o protagonista confuso, é o que torna o filme interessante, mas sua confusão é tão racional que nos afasta. Seria apenas preciso estar mais desordenado. 

Afonso Lima



 


Live: Fumiko Hayashi - romancista e poeta


 

segunda-feira, maio 08, 2023

Posthuman Era (English version)

(This is a rush transcript. Copy may not be in its final form.)

A period of storms and volcanic eruptions marked the early posthuman period. It was the biggest collapse event since the so-called Neanderthals went extinct in the last glacial period following the warmest climate period recorded as the Eemian.

After the extinction of the human race, the first beings to multiply were apparently the cows.

Left free in the fields, they generated an atmospheric change, until adaptation led to population control.

Posthuman storms at solar maximum exploded atomic mines in the ocean.

The glacier's disappearance had stagnated, limiting uncontrolled flooding.

Mosquitoes grew and large mammals returned.

The acid in the sea has decreased. Humanity's bones helped calcareous organisms.

Many settlements where humans lived created natural forests on the elevations, before they became ruins.

We found a significant increase in the population of polar bears and orca whales. Giant worms have taken over the seas by processing plastic waste.

After the great earthquake and the expulsion of groundwater, the human parks of fossil supply in the desert of the so-called California, with their artificial cover made to last, become the great turtle's reproduction area.

The beautiful fingers of the reefs were taken over by new colors of fish. Beings with hard shells and soft motor organs proliferated; other shapes resembled giant trilobites.

The mountains, many of which had lost much of their ice cover and cold-adapted vegetation, developed new semitropical species, with the gold and copper left in the earth.

Birds with giant wings appeared.

Marine sediments were oxygenated by beings burying themselves in the ocean, leading to an explosion of new lineages.

The retreat of sea levels uncovered even human records from more than 60,000 years before the end of Homo sapiens, in the midst of glaciation, in the American lands.

The best preserved human fossils are in the desert regions, where the heat destroyed the first occupations.

The giant hematophagous bat was the dominant mammal that most attracted the attention of scientists. 

Afonso Jr. Lima

sexta-feira, maio 05, 2023

Era pós-humana

Um período de tempestades e erupções vulcânicas marcou o período inicial do pós-humano. Foi o grande evento de colapso desde que os chamados Neandertais foram extintos no último período glacial após o período de clima mais quente registrado como Eemiano.

Depois da extinção da raça humana, os primeiros seres a multiplicarem-se foram, aparentemente, as vacas.

Deixadas livres nos campos, geraram uma alteração atmosférica, até que a adaptação levou ao controle populacional. 

As tempestades do pós-humano no máximo solar explodiram minas atômicas no oceano. 

As geleiras acabaram estagnando seu desaparecimento, limitando as inundações descontroladas.

Os mosquitos cresceram e os mamíferos grandes retornaram. 

O ácido no mar diminuiu. Os ossos da humanidade ajudaram os organismos calcários. 

Muitas ocupações onde os humanos viviam criaram florestas naturais nas elevações, antes de se tornarem ruínas. 

Encontramos sensível aumento na população de ursos-polares e orcas. Vermes gigantes tomaram conta dos mares ao processar resíduos do plástico. 

Após o grande terremoto e a expulsão da água subterrânea, os parques humanos de abastecimento fóssil no deserto da chamada Califórnia, com sua cobertura artificial feita para durar, são onde se reproduzem as grandes tartarugas. 

Os belos dedos dos recifes foram tomados por novas cores de peixes. Seres com carapaças duras e órgãos motores moles proliferaram; outras formas lembraram trilobitas gigantes.

As montanhas, muitas das quais haviam perdido grande parte da cobertura de gelo e vegetação adaptada ao frio, desenvolveram novas espécies semitropicais, com o ouro e o cobre deixados na terra.

Aves com asas gigantes surgiram. 

Os sedimentos marinhos foram oxigenados com seres que se enterravam no oceano, levando a uma explosão de linhagens novas. 

A recuo do nível dos mares deixou à descoberto até mesmo registros humanos de mais de 60 mil anos antes do fim dos Homo sapiens, em plena glaciaçãonas terras americanas. 

Os fósseis humanos mais preservados estão nas regiões desérticas, onde o calor destruiu as primeiras ocupações. 

O morcego gigante hematófago foi o mamífero dominante que mais chamou a atenção dos cientistas. 

Afonso Jr