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quinta-feira, abril 05, 2007

Curtas: Inferno Tropical e a Cultura Popular
(já que alguém disse que blog tem de ter título!)

Acabo de assistir meu primeiro capítulo inteiro da novela Paraíso Tropical. Não sei se ela andou mudando de romance bahiano para cinismo urbano, mas achei muito bom. Uma prostituta que não quer voltar a dormir na praia, um pai rico que casa o filho gay, mauricinho que odeia a Lapa, etc.
Pelo menos é um refresco depois do catolicismo militante da "Páginas..." O máximo que a indústria do lazer pode chega rda crítica social...

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Hoje ou amanhã (quem se importa) vai acabar a Amazônia. (A outra, dizem que é em 2081, e, com isso, eu me importo!) Bem entendido, a trama... constrangedora.

A idéia cafona de fazer um "floresta melhores momentos", em linha reta, mais reta que comercial de margarina... foi incrível ver como, de tão previsível, didática e estereotipada, conseguiam resumir em 30 segundos de comercial... Você assistia o capítulo e não havia nada, nada que fosse acrescentado... "Eu vou lutar pela liberdade" acho que ouvi alguém dizer. Um sacrifício total da forma, da sutileza, da inteligência do espectador... Os anos 70 vieram um dia, mas já era tarde demais...
Como já disse Carina Martins, a TV está mais covarde do que nunca, vide O Profeta (um moralismo alucinante, mas que ganha um pouco pelo enredo estruturado, um alívio depois de "Páginas" e "América", ainda que as falas sejam pobrérrimas, "mamãe, você não vai me deixar, vai?"...)

Mas Amazônia foi cansativa, pedante, positivista, um mar de água doce, se me permitem o trocadilho... Parece que entre o "agradar milhões" e o "cult TV- ainda podemos criar" ficamos tristemente com a segunda opção mesmo onde era um paraíso autoral... ai, ai...
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Estou relendo com prazer Peter Bruke, Cultura Popular na Idade Moderna...
ele fala sobre o momento em que a cultura de elite se distancia do povo, Reforma, Contra reforma, e acabam os laços comunitários, festas, rituais coletivos, Carnaval e desperdício...
E não dá para não pensar o quanto isso se acentuou com o capitalismo industrial, dinehiro fazendo mais dinheiro e comprando mais "inteligência", tanto que agora há toda um cultura de vanguarda, com gente se "mascarando" de rebelde quando na verdade é pura conformidade, mediocridade e medo de não ser alguém...
Esses dias eu olhava o sinal amarelo e pisei a faixa, onde normalmente ficam carros estacionados, um carro enorme e prateado deu duas businadas enquanto vinha em minha direção, alucinado.

O cara estava com um olhar feroz, tipo "perdi 2 segundos, porra!!!!!!!!!!"

Vi, chocado, um vídeo da cantora (?) Tati Quebra Barraco em apresentação ao vivo na TV pernambucana, onde, quando o apresentador diz "mais uma Tati!" ela responde "Não, valeu!" e vai embora no mais...
É, adeus ao Carnaval...

ajr

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