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segunda-feira, agosto 27, 2012

Roosevelt - para quem?



Posso estar muuuito errado, mas o que eu vejo da obra da Praça Roosevelt é muito cimento e pouca participação. De cima, o que a gente observa é um enorme pátio de cimento, bem no estilo anos 70,
como se a cidade não tivesse mudado nesses 40 anos. (Por exemplo, o sol na moleira.)
Então, são os casais de namorados que vão ficar de mãos dadas na praça? Cantando "O barquinho"?
(Olha a bolsa, madame!)

Ainda não vi as mais de 200 árvores do projeto. Ok, pode ser que sejam pequenas e estejam sem copa. Parece que não se pode ter muita árvore por causa das raízes (bonsai, gente, bonsai vertical!)
O que vemos é uma enorme escadaria, pedra sobre pedra, três troncos de terror de cada lado, como nem o faraó imaginaria... Muita falta de criatividade... (Uma cachoeira com trutas?)

Mas, ainda assim, levando em conta o alto grau de participação desse governo (obrigado, Serra!) e o anúncio de que será feita uma nova licitação de 11 milhões para a garagem, fico pensando se não será aquela velha história: um arquiteto milionário planeja algo em seu escritório em Nova York e alguém ganha rios de dinheiro com isso. (Quanto mais cimento, mais caro? Espelho tem que chegue.)

Numa área tão adensada como essa (e que, antes dos Sátyros, era Cracolândia), não apenas árvores e água seriam importantes, como um planejamento de ocupação pela população - lojinhas, bares, shows, etc. (Ah, mas tem "cachorródromo"!) Quantas economias criativas podiam estar no local, como a HQ Mix, que teve de sair dali por causa do aluguel. Biblioteca delivery? As tendas do Festival Satyrianas, foram pensadas? Haverá feira-livre? Como é a pista para skate? Pista para correr? No domingo, como fazer atividades para as crianças? O que é uma praça hoje, quando o espaço público foi comido pelo medo e pelos desabrigados, abandonados?
A pergunta é: como as pessoas vão ocupar o espaço? Que propostas pensam os moradores de rua e dependentes do entorno e que novidades em termos de polícia comunitária vão garantir o ambiente para a praça?

É claro que numa cidade com tanto urbanismo-Minhocão (salve Monotrilho!) e num ambiente de Operações Urbanas à portas-fechadas e Nova Luz Eu-e-meus-amigos (rapa fora ACSI!), qualquer verdinho alegra. Ainda mais um verdinho que custa 66 milhões!!!!

(Na audiência pública sobre o PL 414/2011 - que "tem como alvo as atividades e os empreendimentos que, por seu porte ou natureza, possam causar impactos ambientais", na Câmara Municipal dia 29/8, um morador da Zona Leste relatou que "a meia dúzia" de "paus secos" colocados pela Prefeitura nas calçadas como "compensação" pela Marginal não viraram árvore, mesmo depois de 2 anos...)

Agora é esquizofrênico o fato de que com uma mão a Coronelândia aprova construções para classe média na Serra da Cantareira (Plano Municipal de Habitação) e, com outra, planta alguma graminha.

Serão as necessidades de hoje, com o entorno de hoje? Ainda: houve consulta à população?
Outra surpresa é a demolição do Kilt. Quem pediu? Será que mais de 100 mil como os que pediram o Belas Artes?
Um ponto positivo é o batalhão da PM (por favor, não fiquem apenas no seu cantinho, como na República), que não estava previsto no projeto. (Vamos comprar câmeras SProzac!) Alguém deve ter dito que uma vez ali houve usuários de drogas. Legal, ou estamos criando apenas mais uma obra faraônica. Da incorporadora Kassab.





A reforma deve durar dois anos e consumir R$ 37 milhões. Há quatro anos, o custo era avaliado em R$ 13 milhões --mais do que a reforma das praças da Sé e República juntas (R$ 7,2 milhões).
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/773201-praca-roosevelt-em-sao-paulo-tera-reforma-de-r-37-milhoes.shtml


Valor de reforma da praça, no centro de São Paulo, passará dos R$ 37 milhões previstos em 2010 para R$ 66 milhões
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/49915-obra-da-roosevelt-custara-quase-o-dobro.shtml



Nova York tem uma outra ONG, o Conselho de Design para Espaços Públicos, que dá bolsas a órgãos da prefeitura, a ONGs e a organizações de bairro para estudarem propostas inovadoras fora das amarras da burocracia. Os Amigos do High Line ganharam uma dessas bolsas, no início da década passada.
Em São Paulo, os dois raros casos de revitalização de áreas degradadas carecem desses ingredientes. Em 12 anos de teatros na praça, a praça Roosevelt ganhou um projeto de reforma genérico, como a República e a Sé antes. Não vai ficar para a história.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/serafina/sr2608201209.htm

PS: Vejo uma menininha agachada na Cimenteira - e sua mãe lhe chama. O skate está ocupando as escadarias: cria SP!

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