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quarta-feira, dezembro 17, 2014

Infinitos

A inteligência da pedra
a matemática da sombra 
e da folha de chuva 
sofrer com o sofrido
amanhecer de leve
negro como terra
eu casca e inseto
pisar o mundo no ato
em rede saber como peixe 
pensar como pensa o mato
calcular no estômago
nunca silenciar
viajar para outras mentes
e utopias coletivas
e água nas sementes
nada já acabado
mente-fogo mente-mar
colher frutos espalhados
para que seja progresso 
esperança de alvorada
pensar do eu desunido, revirado
racional úmido
saber que é ato e lugar
coragem de imaginar
saber na raiz na plana água
para tudo continuar canto
no espelho do olho
riqueza é circular
distribuição sagrada
comum sede e comum som
antes da divisão
para que seja alegre a soma
o volume de vida aumentado
não há lei nem passado
onde tudo recomeça
para que seja mais e mais espaço
de festa
pedra negra é fundo 
pedra pedra pedra coração
do mundo

Afonso LIma

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