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domingo, fevereiro 15, 2015

Na rua

                                     Para o grupo Ilú Obá de Min

Será que a festa e a noite
Que Tirésias canta o frio
Que a ponte sobre o rio
Cobriu de mórbido esquecimento
O frio do Contador ridículo
Será que o risco fixo
do aço de cima pra baixo
vencerá a mulher negra que canta
e o deus dos caminhos liberto do medo
Novo Hermes vestindo lixo industrial
Será que o menino atrás das grades
Espantado de tanta gente improvável
Será um marinheiro, uma semente de tradição?
Será que os prédios de quadrados iguais
são assim para enquadrar as pessoas?

A velha louca sem roupa
dança como tango que se vê no MASP
E o papagaio na mata cerrada
As outras dimensões da casa suspensa e precisa
O amor no trem e a vida marrom cachorro
A luta do roxo, experimenta e marca o carbono

O industrialismo, o racionalismo
hoje dormem, o vidro escuro
Que folha e fogo do outro ancestral
As deusas de branco ajoelhadas na rua
Que humanizado o plástico vem
De cortejo e de tambor, do fundo do mundo
a natureza resiste, um novo dia, coragem

Afonso Lima

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