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domingo, novembro 20, 2016

Amor na incerteza

eu não tenho paciência para a humanidade
e é preciso criar laços
eu quero ver o lado pior dos outros
e quero ver o que é bom no outro
eu me irrito com coisas pequenas
e sonho com trazer à memória quando você também sofreu
eu falo por ansiedade e não escuto
meu poema é soco e odeia a mente maquinal
eu fico preso ao visto porque eu também quero mais
e crio espaço com a linha
eu quero que as pessoas mudem rápido
e me interessa a mãe negra, a criança solitária
eu esqueço qualquer coletivo quando estou com medo
e acho que o medo é a origem do controle e o controle é inútil
eu me deixo levar pela preocupação e me torno agressivo
e sei que as pessoas não são ouvidas
eu quero demais e exijo demais
e sei que o poema é entender tão profundo que se chora
eu não entendo porque os outros correm e não têm tempo
e sei que o sorriso é revolução e dou voz ao esquecido
eu quero conseguir as coisas rápido demais
e sei que criar pontes é a função do passado
eu quero dar o outro tapa em quem me deu na face
e sei que o respeito já está onde menos espero.

Afonso Lima

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