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segunda-feira, junho 19, 2017

poema ao eu lírico

por sorte minha vida 
foi completamente inútil
(e nem completa)
por sorte não me preocupei de mais
com coisas curtas e extremas
devo tudo ao meu eu lírico
a ele devo minha angústia, meu choro
o beijo sobre a grama no alto do abismo
e - realmente - meu riso de flor forjada
posso ser esse vazio de máscaras
colhendo as dores da humanidade 
a esmagada
por ele fui todos e nada

agora sabemos aqui tem uma plateia
que é o pensar e como 
que cada isso é o que é e nada expressa
todavia via - mundo chama 
pele de peixe vibrar do mineral vivo
analítica das chamas tremores
vamos ficcionalizar
(a verdade de uma realidade é a lágrima
repetitiva animalidade, sabedoria do pão)

a curta vida a inútil dobra
desaparecer e desmoronar 
pensa no mundo, pensa na 
essência humana na indústria
meu sujeito lírico faz deus como objeto
solidão de rochedo ou juízo dos sentidos
portal do sonho sem esperar 
e revela o abismo fundamental 
união desunida impessoal amor
do binário tudo que se fixou 
o para além da realidade 

Afonso Junior Ferreira de Lima



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